Um personagem da Família Carlos Niza (Vulgo Nero)
Genero viveu conosco
E era da família Niza.
Não deixou descendente
Era solteiro e como uma brisa.
Remiu o tempo sozinho
O destino deu calça e camisa.
Criança nos, da família
A brincar perto dele vinha
Reunia a meninada
La a beira da linha.
O seu gênio era humilde
Sua mente já não tinha.
Nasceu na família Carlos
I viveu a vida sozinho.
Zamzava pela linha férrea
A tocar o seu gadinho.
Pelo que disse os parentes
Ele queria se casar
Repreendido pela mãe
Sobre a moça que era seu par.
Obrigando-o a desistir
Não deixando ele namorar.
Assim, de paixão e de amor
Genero veio a desgostar.
Entrou para vida solitária.
Na sua casa não quis mais voltar.
Depois da morte dos pais
A herança que lhes tocou.
Um pequeno pedaço de terra
No gado que lhe herdou.
O lugar da sua casa
Só foi o que lhe restou.
Sua casinha de barro e varas.
A vida inteira ali passou.
Central do Brasil aqui chegando
I o seu terreno o cortou.
Daí dividiu a terra
Assim pequena ficou.
Do gado que ele tinha
Em poucas rezes transformou.
(O Nero ou Néis) como era chamado
Morava numa casinha de enchimento
Pois na época nem os ricos
Tinham casas de cimento
Ali na beira da linha férrea
Ele com espingarda guardava
O seu gado que restava
E no outro dia ordenava.
Nos os meninos passávamos
Ficava com ele a conversar
Ele matava morcegos e aves
E botava ao fogo para assar.
O trem de ferro passava
E muitos gados dele matava
Ele aproveitava a carne
E o coro nas paredes pendurava.
Pois a casa dele com a chuva
Ficou toda esburacada.
Ele com sua mente débil
Não mudava dali por nada.
Nos voltávamos das roças
E ele nos pedir vinha
Dizendo filho: fala para tua mãe
Que me mande rapadura e farinha.
Minha Mãe que era sua sobrinha
Enchia um bornal de farinha.
Me mandava levar para ele.
Todo dia a tardinha.
No outro dia de manhã
Ele tirava o leite das vacas
Tomava leite com farinha
E a carne seca com facas.
Ele era um homem bom
Vivia sua vida sozinho.
Contava causos e historias
La na beira do caminho.
Seu gado foi acabando
E ele mais velho ficava.
Tentávamos tirar ele da casa
Mais ele não aceitava.
Os seus irmãos parentes
Fizeram uma casa nova.
Mas ele não quis mudar
Deixando eles numa prova.
Assim viveu o gênero
Pobre solitário e sozinho.
La na beira da ferrovia
Em sua casa de barro um ranchinho.
Ele foi mais um personagem
que viveu em nossa cidade.
De setenta a oitenta anos
Talvez seja essa sua idade.
Nos meninos daquela época
Sentimos divertidos ao velo.
Ele com sua espingardinha
Olhando seu gado com zelo.
Ele foi personagem divertido
Que lembramos com cuidado.
Não deu nem levou prejuízo
Por isso não esquecemos seu passado.
Os meninos da nossa época
Lhes tinha muita amizade.
Apesar de ele ser um pouco débil
Mas tinha muita sinceridade.
Ele era um ser humano
Rejeitado pela sociedade.
Mas não pelos nossos companheiros
Que eram crianças com humildade.
Seu casebre tinha uma porta
Na frente e outra no fundo.
Uma pequena janela ao lado
Mas ele tinha amor profundo.
Ele tirava o leite das vacas
E dava a todos os meninos.
E mandava leite para as mães.
Para dar aos pequeninos.
Findando esta história
Foi quando o Nero morreu
Não deixou nenhum descente
Viveu a vida que Deus lhe deu.
Agora eu e meus companheiros
Temos ele na lembrança.
Tomando com toda confiança.
Não desprezando os pobres
Mas tendo as como crianças.
Odílio Rodrigo Monção
Fone: 3811-1664